Pular para o conteúdo principal

Acabou a corrupção

Presidente, qual a avaliação que o senhor faz sobre a decisão do STJ que anulou a quebra de sigilo fiscal e bancário do seu filho Flávio no processo das rachadinhas?

“Acabou a entrevista”, disse o irritado presidente, antes da pergunta ser concluída, fugindo apressadamente do local da coletiva. 

Agora, vamos entender por que a pergunta ficou sem resposta.

O esquema de corrupção comandado por Flávio e Queiroz, que tem um chefe oculto que todos nós sabemos quem é, Mané, é uma das coisas mais óbvias do mundo político. Da Câmara Municipal ao Senado. Da direita, do centro e da esquerda. 

Funciona assim: o parlamentar embolsa parte do salário dos servidores do seu gabinete. Dinheiro público desviado para o uso pessoal do parlamentar. Assim, financia sua campanha eleitoral, compra cabos eleitorais, votos, imóveis, automóveis, lojas de chocolate, viagens de turismo, enfim, engorda seu patrimônio pessoal e muitos ficam milionários.

Como cadeia não foi feita para ricos e poderosos, o parlamentar contrata advogados e padrinhos influentes, com o dinheiro do povo, para encontrar algum malabarismo jurídico que somente o dinheiro acha e, assim, ele vai escapando. Muitos até já morreram, e a grana já virou herança.

Enquanto isso, os bestas ficam gritando na porta dos palácios, cheios de orgulho: “Mito, mito, mito”.

Fim.

Allysson Teotonio

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Yes she can

“O macho adulto branco sempre no comando” (verso de O Estrangeiro, de Caetano) pode dar lugar à mulher jovem negra sempre comandada. O cenário da campanha eleitoral americana mudou completamente com a desistência de Joe Biden (81 anos) e a ascensão de Kamala Harris (59). Antes, Donald Trump (78) era o favorito, sobretudo após o desastroso desempenho de Biden no debate e o atentado ao republicano. Mas esse cenário não existe mais, a corrida eleitoral zerou. Os Estados Unidos vivem um momento histórico, nunca visto. Portanto, não sabemos ainda como esse processo pode terminar, porque é inédito tanto para democratas quanto para republicanos. Mas uma coisa é certa: nada será como antes. Apesar das incertezas da conjuntura, eu me arrisco a dizer que Kamala Harris tem maiores chances de vencer a eleição, embora hoje apareça numericamente atrás de Trump na maioria das pesquisas.  Em primeiro lugar, vale ressaltar que eles estão tecnicamente empatados em todas as pesquisas divulgadas até a...

De peito aberto

Era uma terça-feira, não era um dia qualquer pra mim. O sol ainda não havia chegado, mas a minha ansiedade estava reluzente. Cheguei ao hospital às 5:43 da manhã. Era um misto de medo e esperança, e o coração prestes a sair pela boca. No dia 5 de setembro, fui submetido a uma cirurgia no coração. O procedimento (aberto), inevitável para me livrar de um aneurisma na aorta ascendente do coração, aconteceu no John Muir Medical Center, em Concord, Califórnia. A cirurgia foi um sucesso, e o processo de recuperação segue bem, dentro da normalidade. Já estou em casa, após cinco dias hospitalizado. Comandada pelo cirurgião-chefe Murali Dharan, a equipe foi impecável antes, durante e depois da cirurgia.  Ah, é importante voltar alguns anos no tempo pra contar melhor essa história. Descobri o aneurisma em João Pessoa, em 2012, ao fazer exames de rotina. Na época, a cirurgia não era necessária porque o tamanho da dilatação era pequeno.  Durante cinco anos, fui acompanhado pelos médicos A...

PAREM

Parem de misturar religião com eleição, parem de usar igreja como palanque. O debate é político, é sobre economia, saúde, educação, segurança, meio ambiente, ciência, tecnologia. É sobre governo, gestão pública.  Parem. O debate não é sobre fé, crença, descrença, Bíblia. É sobre a Constituição Federal. É sobre fome, desemprego, miséria, democracia, injustiças, desigualdade social.  Parem. O debate não é sobre Deus e o diabo, céu e inferno. É sobre gente, de carne e osso. É sobre o povo que tem mais osso e menos carne na mesa e no corpo. Parem de usar o nome de Cristo como cabo-eleitoral. O debate não é sobre Jesus. É sobre o homem imperfeito que deve ser eleito presidente, capaz de governar com respeito e compaixão. Não é sobre católicos e evangélicos, é sobre brasileiros. O debate é sobre quem não pode governar apenas para os iguais, mas também para os diferentes. Parem de sabotar o debate político-eleitoral. Parem de sabotar o soberano exercício democrático. O Estado é laico...