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Não foi somente agito


Conheci Anchieta Maia quando eu tinha uns 16 anos, eu era aluno do colégio CA. Já tinha decido fazer vestibular para jornalismo e era vocalista da banda de rock Anjos do Asfalto. E ele era uma espécie de ‘pop-star’, sempre era visto no CA, aliás, em quase todos os colégios de João Pessoa. 

Em uma de suas passagens pelo CA, abordei o tão ‘badalado’ Anchieta Maia, contei brevemente minha ideia e, para minha surpresa, ele foi muito receptivo e disse que eu fosse à redação conversar com Galvão. Eu era fã da revista Bizz, queria fazer algo naquela linha em nível local. 

Em poucos dias, eu já estava publicando minha primeira coluna sobre a cena musical, no jornal Moçada que Agita. O editor era o jovem jornalista Walter Galvão. Foi lá onde dei meus primeiros passos no jornalismo, onde também conheci outros jovens jornalistas: José Carlos dos Anjos, Fábio Cardoso e Edinho Magalhães.

Bons tempos aqueles.

No final dos anos 80, Anchieta criou o Canta Moçada, um evento fundamental para as bandas de rock da cidade, que deu palco e visibilidade para uma cena efervescente, que aconteceu também no começo dos anos 90.

Anchieta era uma figura controversa. Mas, indiscutivelmente, desempenhou um papel importante, foi um pioneiro, um empreendedor. Agitou e ajudou. Na cultura, na comunicação e na vida social da juventude pessoense. 

Anchieta Maia fez história. E foi muito além do agito. Valeu, valeu mesmo. 

(Allysson de Carvalho)

Era como eu assinava a coluna no Moçada que Agita. Só passei a usar o Teotonio depois de concluir a faculdade de jornalismo.

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